Page 40 - Marinha em Revista
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alvez a maioria das pessoas, ao
verem o ilme “No limite da
h
t onra”, no qual a atriz Demi
Moore interpreta uma oicial da Ma-
rinha dos Estados Unidos e luta bas-
tante para fazer parte de um grupo de
elite das Forças Armadas do país, ima-
gine que feminilidade e vida militar
não combinem. Entretanto, o crescen-
te número de mulheres integrando as
Forças Armadas no Brasil mostra que
o militarismo pode sim ser compatível
com o universo feminino.
A força da mulher, considerada por
alguns como frágil, tem destaque no
Brasil desde a época imperial. Maria
Quitéria de Jesus Medeiros lutou pela
independência do País. Ela alistou-se
no regimento de artilharia e serviu no
Batalhão dos Voluntários do Impera- Iara, Débora orgulha-se de sua história Um pouco mais dessa história de
dor, em 1822. Pelo seu entusiasmo e de vida e de sua família. Em casa, ela vida, com seus desaios e evoluções,
bravura, Maria Quitéria conquistou o divide suas experiências vivenciadas na começa a ser contada agora no Gente
respeito dos companheiros e recebeu Marinha com o irmão, que também é de Bordo.
de D. Pedro I a insígnia de Cavaleiro da militar. Solteira e sem ilhos, dedicou-
Ordem Imperial do Cruzeiro. se diuturnamente aos estudos e, em Como a Marinha entrou na sua
Na Marinha do Brasil, a história das 2014, alcançou sua meta tão sonhada: vida?
mulheres teve início nos anos 80. Na- ser oicial. Tudo começou por inluência do
quela época, elas integravam um corpo Débora ingressou na Marinha do meu irmão, que hoje é Segundo-Sar-
auxiliar e sua participação era restrita Brasil no ano de 2004. Entrou como gento. Ele ingressou primeiro na Mari-
a alguns cargos e ao serviço em terra. Terceiro-Sargento no Quadro de Mú- nha e foi aí que obtive o contato inicial
Entre 1995 e 1996, o acesso das oiciais sicos, única especialidade que aceita com a Força. Com o passar do tempo
mulheres foi estendido aos corpos de mulher como Fuzileiro Naval. E foi nas eu fui conhecendo mais sobre os con-
saúde e engenharia. As evoluções não sinfonias musicais da banda do Centro cursos e percebi que havia a oportuni-
pararam e, atualmente, elas ocupam de Instrução Almirante Sylvio de Ca- dade de servir fazendo o que eu mais
diversas especialidades como oiciais e margo, última Organização Militar que amava, que era tocar. Me inscrevi no
praças. serviu como musicista, que ganhou concurso, passei e fui cursar no Centro
A história do Gente de Bordo traz, inspiração para sonhar mais alto. Na de Instrução Almirante Sylvio de Ca-
nesta edicão, uma personagem que car- época, ela tocava saxofone. margo. Lá eu iniciei minhas atividades
rega consigo o ineditismo de ser a pri- Ao concluir o nível superior, surgiu como militar. Depois do curso, fui para
meira mulher combatente do Corpo de a oportunidade de prestar concurso o Batalhão Naval, no qual trabalhei por
Fuzileiros Navais e das Forças Armadas interno para o Quadro de Oiciais Au- um ano e oito meses. Eu tocava saxofo-
brasileira a integrar uma tropa em mis- xiliares da Marinha, sendo aprovada ne e, de imediato, senti como a minha
são de paz. no concurso para oiciais em 2014. Já presença fazia a diferença para o grupo.
A Segundo-Tenente do QuadroAu- como oicial, no ano de 2016, a Tenente Depois, eu pude concluir que na músi-
xiliar de Fuzileiros Navais Débora Fer- Débora concluiu o curso de Especiali- ca é assim, todo mundo é importante,
reira de Freitas tem 34 anos, 13 deles zação em Guerra Anfíbia e tornou-se para tudo estar em sintonia. Quando
dedicados à Marinha do Brasil, é natu- a primeira mulher habilitada a coman- eu saí do Batalhão, fui servir no Centro
ral do estado do Rio de Janeiro e serviu dar um pelotão de infantaria no Brasil. de Instrução Almirante Graça Aranha
no Grupamento Operativo de Fuzi- Exerceu ainda a função de oicial de as- servir por três anos. E, desde então, mi-
leiros Navais do Haiti (GptOpFuzNav suntos civis e de comunicação social do nha carreira não parou mais. Fui sem-
-Haiti). Filha de seu José Carlos e dona GptOpFuzNav-Haiti. pre evoluindo.
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