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próprias, inerentes à caserna, como
o aquartelamento ou internato, ne-
cessitam de uma atenção a mais por
parte de todos da instituição, desde os
professores, do Serviço de Orientação
Educacional e Pedagógica, até a admi-
nistração de sua alimentação, pois al-
guns, por exemplo, são muçulmanos e
não podem fazer o consumo de carne
de porco, comum da alimentação bra-
sileira”, explica o Mestre em Educação
Capitão de Mar e Guerra (RM1) Her-
cules Guimarães Honorato.
O contato inicial com os alunos
estrangeiros é imediato. Não há sepa-
ração nas atividades e o convívio co-
meça desde o primeiro dia. “A rotina Prática de Treinamento Físico Militar é realizada diariamente
com eles ocorre da mesma forma, sal-
vo alguns períodos do ano, nos quais
eles possuem algumas modiicações “Eu quero estar apto
as diferenças cultural e religiosa. A in- A DIDÁTICA DE CONVIVÊNCIA para usar as habilidades
teração, rápida e eicaz, deriva do sis- Os motivos são diversos para es- que eu aprendo na
tema esquematizado pela Escola, que colherem sair do conforto familiar e
dá o suporte linguístico e acadêmico, da comodidade cultural de seus paí- escola para atender às
juntamente aos valores e tradições da ses, para viajarem em direção à reali- necessidades do meu
instituição, possibilitando a melhor zação de um sonho. país”
adaptação deles”, conta João Victor Selecionado por aproveitamento Aspirante Itamar,
Oliveira Magela, aluno do 3º ano. acadêmico na Academia de Angola, angolano
Atualmente, a Escola Naval acolhe podendo optar por cursar no Brasil
26 alunos estrangeiros, matriculados ou em Portugal, o Aspirante Itamar de
no ciclo escolar, cumprindo o perío- Aloísio Vicente Pereira, de 24 anos, des- atividades esportivas e aprendem em
do de quatro anos de formação. Mais taca o principal motivo de sua escolha grupo. “Eles são participativos em diver-
de 115 estrangeiros já passaram pela pelo ensino brasileiro. “Simplesmente sas atividades esportivas e grêmios, isso
Escola Naval. A Namíbia é o país com por poder cursar na melhor escola de sem contar a troca de experiências que
mais militares que foram capacitados oiciais, em busca da melhor prepara- gera um grande enriquecimento cultu-
pela Marinha do Brasil. ção acadêmica e proissional”, destaca. ral para ambas as partes envolvidas”, co-
Para o ex-Comandante do Corpo Itamar escolheu o Corpo da Arma- menta o Aspirante Magela.
de Aspirantes Capitão de Mar e Guer- da, cursa habilitação em Mecânica e Para o Comandante Hercules Gui-
ra Vagner Belarmino de Oliveira, não está no 3º ano. Ele destaca que a possi- marães Honorato, o currículo em vigor
só os alunos ganham com essa troca bilidade de ser maquinista, juntamente para a disciplina de língua portuguesa é
de experiência entre nacionalidades, com a gama de formação extracurricu- acrescido de outras atividades que de-
mas também a instituição Marinha lar que a instituição brasileira disponi- mandam aprendizado fora da sala de
do Brasil. “Trata-se de uma grande biliza, é essencial para sua qualiicação. aula. “Visitas a pontos turísticos e a ins-
e valiosa oportunidade para a nossa “Eu quero estar apto para usar as habi- tituições de reconhecido valor, como a
Marinha fortalecer os laços de ami- lidades que eu aprendo na escola para Academia Brasileira de Letras, a Biblio-
zade, cooperação e coniança mútua, atender às necessidades do meu país”, teca Nacional, museus, salas de concerto
bem como contribuir com a capaci- conta. também integram a vida do aspirante”,
tação dessas marinhas, favorecendo, A rotina diária da escola é a mesma explica.
até mesmo, a estabilidade geopolítica para todos. Brasileiros e estrangeiros Mesmo com o estágio inicial re-
das regiões nas quais estão inseridas as dividem o mesmo camarote, a mesma alizado em seu país de origem, antes
respectivas nações”, explica. sala de refeição, praticam as mesmas do ingresso na Escola Naval, a fa-
MARINHA em Revista Ano 08 - Número 12 - março 2018 35