Page 38 - Marinha em Revista
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co da saudade é a tecnologia. “Mante-
nho contato por celular ou redes sociais
e aproveito as férias de inal de ano para
estar com eles. Não é fácil, mas a gente
aprende a lidar com as perdas por es-
colhas e prioridades”, comenta Itamar.
Apesar da distância da família, tem
também a ansiedade de conhecer o
país tropical, que, na descrição de Jorge
Estudo em grupo entre brasileiros e estrangeiros Ben Jor, “é abençoado por Deus e bo-
nito por natureza”. Por unanimidade,
o que mais encanta esses estrangeiros
miliarização com o idioma ainda é DA SAUDADE DE CASA A é o acolhimento fervoroso. “O Brasil já
o maior desaio. “Acostumar com o GUARITA BRASILEIRA me proporcionou várias oportunidades
afastamento do lar e da família cer-
Ao se mudarem para o Brasil, além e a chance de viver diferentes momen-
tamente foi e ainda é muito difícil,
de terem de se adaptar à nova cultura, tos, que para sempre serão guardados
mas o maior desaio é o idioma, pois
comida e as tradições, os estudantes na minha memória, como a Copa do
é um dos mais complexos e precisa-
também enfrentam os dilemas do pri- Mundo, a Jornada Mundial da Juventu-
mos dominá-lo para poder acom-
meiro dia de aula. O Aspirante Ralph de e as Olimpíadas”, conta Ralph.
panhar a rotina e as aulas sem icar
lembra o contato inicial com os novos É pelo entusiasmo, proissionalis-
para trás”, destaca o Aspirante Ralph
colegas e o novo ambiente. “Como mo e diversidade cultural que esses
Abi Ghanem, de origem libanesa.
tudo na vida, a gente sabe que o tempo jovens optam pela oportunidade de
Ralph tem 24 anos e está no 4º
cura praticamente qualquer coisa e nós fazerem e serem a diferença em seus
ano da escola. Escolheu o Corpo da
acabamos aceitando a realidade e se países. Ao observá-los, engrossando as
Armada, com habilitação em Siste-
adaptando à ela e às pessoas”, comenta ileiras navais da Escola Naval, é pos-
mas de Armas. Ele destaca os frutos
o militar. sível compreender o fascínio que eles
adquiridos com a escolha em cursar
O Aspirante comenta ainda que a têm pela carreira que escolheram abra-
fora do seu país. “O intercâmbio nos
cobrança pessoal é um fator determi- çar. Eles mantêm o andar cadenciado
torna uma pessoa mais forte, inde-
nante para o aluno estrangeiro. “Em- com passos irmes, trajam suas fardas
pendente, tolerante, menos precon-
bora haja aproximação cultural, no reluzentes e rumam ao topo de suas re-
ceituosa e, sem dúvida, mais cons-
meu caso, o maior desaio é lidar com alizações proissionais. E, assim, depois
ciente da realidade do mundo na sua
o fato de estar representando um país”, de quatro anos de aprendizado e aper-
complexidade e mais irmes e dei-
explica. feiçoamento, eles podem voltar em paz
nidos em nossas crenças, opiniões e
Quando o assunto é a família, o ao conforto de seus lares e prontos para
princípios. Nos torna, também, me-
meio utilizado para amenizar um pou- defenderem seus países.
lhores proissionais, pois adquirimos
uma bagagem maior e mais diversii-
Países que estão/estiveram com representantes na Escola Naval:
cada”, explica.
Para Magela, os alunos brasilei-
ros ganham muito com a experiên- Angola Nigéria
cia e a oportunidade de conviverem
diariamente com aspirantes de ou- Cabo Verde Namíbia
tras nacionalidades. “Minha adapta-
ção com eles é excelente, tanto que, Guiné Bissau Panamá
atualmente, eu divido camarote com
um estrangeiro, que é um excelente Honduras Peru
amigo e exemplo de vida a ser segui-
do por sua humildade e honestida-
de”, conclui. Líbano Senegal
Moçambique Venezuela
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