Page 23 - Marinha em Revista
P. 23
e atualmente se encontra em fase de
registro, com resultados satisfatórios
nos estudos de equivalência farma-
cêutica e bioequivalência em com-
paração ao medicamento do Lafepe”,
explica Sato. Com o desenvolvimen-
to desse projeto, é esperada a produ-
ção de um medicamento para suprir
a demanda de atendimento do SUS,
com possibilidade, ainda, de forne-
Processo de produção de medicamentos no laboratório cimento para outros países.
Outro projeto que merece des-
adequadas nas situações emergen- nidazol é o medicamento usado para taque é o do suplemento alimentar
ciais. “A preparação para resposta a a quimioterapia especíica da doença para melhorar a resistência, a imu-
eventos decorrentes do uso de agen- de Chagas e atua através da inibição nidade e o foco nas tarefas desem-
tes biológicos assume importância da capacidade de multiplicação do penhadas por tropas militares. O
cada vez maior no cenário global, parasita. A doença, quando se ma- Projeto Quercetina (QCTN) está em
principalmente devido ao aumento nifesta, tem duas fases clínicas: uma desenvolvimento pelo LFM, sob co-
da população nos grandes centros aguda, que pode ou não ser identi- ordenação do Ministério da Defesa.
urbanos e a possibilidade de terro- icada; e outra, crônica, que decorre A proposta prevê o fornecimen-
rismo”, explica Sato. do não tratamento da primeira fase. to de um suplemento, produzido a
O Ciproloxacino é ainda utiliza- Estima-se que no Brasil existam en- partir de um ativo natural derivado
do no tratamento de segunda linha tre dois e três milhões de indivíduos da biodiversidade brasileira, para ser
da tuberculose. “O fornecimento infectados. empregado na ração operativa para
para o Governo Brasileiro de um Desde 1970, o Laboratório Ro- militares em operações e na alimen-
medicamento de uso dual favorece a che era o único produtor e distri- tação dos atletas de alto rendimento,
manutenção de um estoque, sem ris- buidor desse medicamento, mas, como forma de agregar valor nutri-
co de perdas por expiração do prazo em 2003, foi assinado um acordo de cional às refeições.
de validade. Entre as ações NBQR transferência de tecnologia para o “O LFM vem ainda consolidando
em andamento, também merece Laboratório Farmacêutico do Estado diversas parcerias com universida-
destaque o Projeto Azul da Prússia, de Pernambuco (Lafepe) e a Roche des e empresas nacionais, com a pre-
cuja inalidade é desenvolver um encerrou sua produção, tornando o ocupação de promover o desenvol-
medicamento para o tratamento de Brasil seu único produtor mundial. vimento e a fabricação de produtos
pacientes contaminados por césio e No entanto, apenas um laboratório estratégicos em território nacional.
tálio radioativos”, ressalta o respon- público não é suiciente para atender
sável técnico. a grande demanda do SUS. “O LFM COMO TUDO COMEÇOU
No que se refere a doenças negli- iniciou, então, o desenvolvimento A história do LFM se funde com
genciadas, que são as doenças tropi- do produto Benzonidazol 100mg. a chegada da família real ao Brasil em
cais endêmicas causadas por agentes Após diversos testes, a formulação 1808. Naquele ano, a Botica Militar, o
infecciosos ou parasitas, como a ma- inal do medicamento foi deinida que hoje chamamos de farmácia, foi
lária, a doença de Chagas e a esquis-
tossomose, mais conhecida como
barriga d’água, o LFM tem apresen-
tado efetiva contribuição para a saú-
de nacional.
Vale destacar o fármaco especíi-
co desenvolvido para tratar a doença
de Chagas, que é uma antropozoo-
nose causada pelo Trypanosoma
cruzi, cujo vetor é conhecido popu-
larmente como “barbeiro”. O Benzo-
MARINHA em Revista Antigo LFM Ano 08 - Número 12 - março 2018 21