Page 50 - Marinha em Revista
P. 50
“Apesar de o maquinário ser
do século XIX, o equipamento
continua sendo operado
manualmente, da mesma
forma que os antigos
marinheiros realizavam as
manobras”
Capitão dos Portos da Bahia,
Capitão de Mar e Guerra Silva
Reis
Foto de 1860 mostra guindaste no antigo Arsenal de Marinha da Bahia
trole de patrimônio histórico e cultu- O Marinheiro João Henrique Leal encontrado autentica a imagem re-
ral da Marinha diz que o maquiná- de Santana, que serviu por cinco anos gistrada em 1860 pelo fotógrafo in-
rio tem capacidade de içar pesos de na divisão, dá detalhes do funciona- glês Benjamin R. Mulock, na qual é
aproximadamente dois mil quilos e mento do equipamento, que tem duas possível visualizar o guindaste. Este
considerando o tempo de amarração velocidades, leve e pesada, e devem documento contextualiza o marco
dos cabos até a embarcação chegar ao ser alteradas de acordo com a neces- temporal da chegada do maquinário
local desejado, o desempenho com- sidade. “Ele também é utilizado para em Salvador, que, provavelmente,
pleto do guindaste leva cerca de 40 içar boias e motores, mas a inalidade ocorreu entre 1856 a 1860”, conclui.
minutos. principal é operar com as embarca-
Segundo o encarregado da Divi- ções”, explica. OPERACIONALIDADE HISTÓRICA
são de Manutenção de Embarcações e Considerando todos os anos em
Viaturas, o servidor civil da Marinha DOCUMENTO ENCONTRADO atividade, o equipamento sempre es-
Eduardo Bonim, ao todo, são ne- Na busca por mais informações teve em funcionamento. O Capitão
cessários três militares para acionar sobre o guindaste, o Segundo-Sar- dos Portos da Bahia, Capitão de Mar
o funcionamento do guindaste. Um gento Daiverson Melo Jasmim, his- e Guerra Leonardo Andrade da Silva
ica no freio e dois na manivela. “Pre- toriador, voluntariou-se na busca por Reis, acredita que o segredo da dura-
ferencialmente, utilizamos o guin- mais registros históricos sobre o equi- bilidade do equipamento está na qua-
daste durante a maré alta para dimi- pamento. Em 2015, ele teve acesso a lidade da fabricação e no trabalho de
nuir o esforço dos militares, já que a um documento oicial armazenado manutenção que é realizado mensal-
distância a ser içada será menor”, co- no site Center for Research Libraries. mente com a utilização de lubriican-
menta o servidor, que trabalha há 21 Nele, há relatos da aquisição de um te, pintura, tratamento de ferrugem
anos na Capitania. maquinário de içar de origem inglesa e limpeza. “Frequentemente, o guin-
Eduardo conta que nunca soube e pelo então Ministério da Marinha do daste é utilizado para içar e arriar as
não há registros de acidentes envol- Brasil para o Arsenal de Marinha da embarcações e, apesar de o maquiná-
vendo o equipamento. Mesmo o ma- Bahia, com data de 1857. rio ser do século 19, o equipamento
quinário sendo considerado seguro, é Em 2016, foi lançado um livro continua sendo operado manualmen-
necessário ter atenção durante o seu comemorativo dos 170 anos da Ca- te, da mesma forma que os antigos
manuseio, que necessita da presença pitania dos Portos da Bahia e nele há marinheiros realizavam as manobras
de uma pessoa coordenando a ativi- informações baseadas na pesquisa e mantendo-o com muito esmero”, de-
dade. do Sargento Daiverson. “O relatório clara o Capitão dos Portos.
48